Dicas e Estratégias para crianças com PHDA: Guia para pais e professores

Para além das dificuldades atencionais, as crianças com PHDA têm limitações na aprendizagem de regras e no desenvolvimento de competências sociais. A par da intervenção técnica, pais e professores têm um papel fundamental na aplicação de estratégias para o quotidiano familiar e escolar da criança. Estas estratégias são complementares à terapia implementada pelo técnico, podendo aplicar-se tanto em contexto de grupo, na escola, como num ambiente mais familiar e individualizado, em casa, permitindo à criança aprender a tornar-se um melhor ouvinte, a ler a expressão facial e corporal nos outros, e a interagir de forma mais calma quando integrada num grupo.

Sugestões para a Sala de Aula

  • O professor deve tentar avaliar e identificar os problemas apresentados pelo aluno com o objetivo de poder traçar as estratégias mais adequadas e eficazes;

  • O aluno com PHDA deverá ficar sentado perto do professor e o mais possível afastado de estímulos distratores (tais como a janela, porta, outros). Idealmente, esta posição deverá ser definida logo desde o início das aulas, para que a criança não a sinta como uma punição;

  • Em casos de salas onde as mesas são partilhadas por dois alunos, o professor deve certificar-se de que o aluno com PHDA fica sentado junto de um aluno mais atento e organizado;

  • As matérias mais complexas devem ser ensinadas durante a manhã, altura em que as crianças estão mais descansadas;

  • O aluno com PHDA não deverá ser sobrecarregado com tarefas monótonas e repetitivas, para o qual o professor poderá recorrer a vídeos ou imagens de figuras de animação;

  • Quando o professor pretender que o aluno concretize o seu trabalho de forma independente no seu lugar, sugere-se que este envolva poucos passos e que as instruções sobre a sua concretização sejam repetidas sempre que a criança o solicitar;

  • Os trabalhos de casa deverão ser subdivididos em partes mais pequenas;

  • É importante que o professor seja claro e coerente na comunicação daquilo que é pretendido do aluno, assim como no estabelecimento das regras de concretização e das consequências associadas ao seu não-cumprimento;

  • Conceder mais tempo ao aluno com PHDA para a conclusão das suas tarefas, ou antecipadamente fazê-las mais curtas;

  • A comunicação do assunto ou matéria deverá ser estruturada de forma sequencial;

  • O professor deverá supervisionar o aluno enquanto este realiza as tarefas, sempre que possível estabelecendo contacto visual e reforçando-o positivamente (por exemplo, através de um sorriso como sinal de incentivo à continuidade na tarefa);

  • Definir recompensas para o aluno quando este cumpre uma tarefa, e atribuí-las assim que ele a cumprir (reforço positivo). Nestes casos, deve optar-se por recompensar a criança com atividades que ela goste de realizar em detrimento de recompensas materiais;

  • Não recorrer ao recreio como castigo ou recompensa;

  • Combinar um sistema de sinais/códigos com a criança que ajudem o professor a rápida e eficazmente chamá-la a atenção e, desse modo, ajudá-la a mudar de atividade ou impedi-la de ter comportamentos inadequados (por exemplo, piscar o olho à criança ou tocar-lhe no ombro para a "lembrar" de prestar atenção ao que está a ser dito ou feito);

  • Atribuir à criança determinadas tarefas que lhe permitam “gastar” a sua energia de forma gratificante (por exemplo, distribuir as fichas pelos colegas, fazer recados, apagar o quadro, entre outros).

Sugestões para Pais

  • Fale de forma gentil, mas honesta acerca dos desafios que o seu filho enfrenta e das mudanças que terá de implementar;

  • Brinque com o seu filho, encenando hipotéticos cenários sociais e ensinando-o sobre a forma mais adequada de agir em relação aos outros;

  • Instrua o seu filho de forma clara e simples e sempre mantendo contacto visual com ele enquanto o faz;

  • Certifique-se que a criança compreendeu corretamente as suas ordens, e repita-as quantas vezes for necessário até que a criança compreenda plenamente o que lhe é solicitado;

  • Procure dar apenas uma instrução de cada vez e não mais do que uma em simultâneo;

  • Procure estabelecer rotinas organizadas e estáveis na vida diária da criança. Estas devem ser preferencialmente simples, objetivas e fáceis de manter independentemente das circunstâncias/imprevistos;

  • Tente reorganizar as tarefas quotidianas de modo a torná-las mais atraentes e motivantes;

  • Sempre que a criança precisar de executar uma tarefa que exija concentração, procure eliminar todos os estímulos externos, visuais ou auditivos, que a possam distrair;

  • Tente avaliar quais os principais problemas que o seu filho apresenta de modo a poder planear antecipadamente o que fazer em situações potencialmente problemáticas;

  • Perante um comportamento desadequado da parte do seu filho, tente não reagir com agressividade e desorientadamente, mas antes procure manter-se estável, firme, coerente e simultaneamente, compreensivo e disponível para orientá-lo numa resolução;

  • Implemente uma política de tolerância zero para situações de agressão física e gritos em sua casa;

  • Opte sempre que possível pelo reforço positivo em vez da punição, por exemplo, dando-lhe uma palavra de apreço e reconhecimento sempre que a criança realizar algo corretamente para, desse modo, promover sua autoestima;

  • Quando for necessário aplicar uma punição ao seu filho, faça-o de forma calma, objetiva e sem discutir com a criança.

  • Ensine coisas novas ao seu filho e estimule-o a estruturar o seu dia-a-dia;

  • Ajude o seu filho a organizar as suas tarefas escolares. A criança deverá estudar durante curtos períodos de tempo, para que possa ter tempo para ir libertando a energia que foi acumulada durante o estudo;

  • Encontre um local tranquilo, bem iluminado e sem estímulos distratores para a criança realizar as suas tarefas escolares;

  • Procure que a definição das regras seja feita de forma clara e em reunião familiar, de forma a que tanto os pais como a criança saibam como agir e o que esperar quando deparados com uma determinada situação de conflito;

  • Proporcione tempo e espaço para o seu filho brincar, e recompense-o frequentemente quando tem bons comportamentos enquanto brinca.

 Artigo escrito e publicado pelo Sei – Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem

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