Cyberbullying: o que precisa saber

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É sempre uma forma de violência. Um crime que merece castigo, mas que, não raras vezes, resulta impune. Não deixa de ser uma tortura, exercida por contacto interpessoal, ou através de meios mais sofisticados, como a internet. Em inglês, o termo "bullying" derivada da palavra "bully". Significa tirano, brutal. 

O cyberbullying é um tipo de bullying que tem aumentado com a expansão das tecnologias de informação. Antes da Internet, as crianças eram vítimas de violência sobretudo na rua, na escola, na paragem do autocarro, no caminho para casa, entre outros. Mas, quando chegavam a casa, normalmente, o bullying parava. Há, todavia, casos, e não são poucos, em que as crianças são, também, vítimas de bullying por parte das próprias famílias.

Agora, com as novas tecnologias, o cyberbullying pode acontecer em qualquer lugar a qualquer momento. 1 em cada 10 crianças portuguesas já sofreu ofensas através da internet. O número de casos reportados cresce ano após ano. Saiba o que fazer para proteger as crianças.

O que é Cyberbullying?

O cyberbullying caracteriza-se pelo ataque através de insultos, difamação, intimidação, ameaça ou perseguição intencional e sistemática na Internet.  Não acontece apenas entre jovens. É feito com intenção de prejudicar, recorrendo a tecnologias online.

Hoje, as crianças usam as redes sociais, mensagens de texto e e-mail para conversar com os amigos. Isto significa que o cyberbullying pode acontecer facilmente. Mensagens cruéis ou fotos pouco favoráveis podem ser enviadas a uma escola inteira com apenas um clique, de casa, na rua, a qualquer hora, dia, seja fim de semana ou feriado. O agressor costuma agir na sombra, através de um perfil falso, ou uma conta fictícia de e-mail. Fique atento.  

Às vezes, o cyberbullying acontece de quem menos se espera. Não escolhe rostos, nem religiões. Uma criança solitária, por exemplo, pode transformar-se num agressor ou vítima, sem que os pais em casa sequer imaginem. Mas, o cyberbullying também, pode ser exercido por um grupo de crianças que decidem publicar textos crueis e prejudiciais sobre outras crianças.  Rapidamente, essas mensagens multiplicam-se como um vírus pelas redes sociais e, depois...já é tarde. O mal está feito e as consequências podem ser devastadoras para as vítimas, refletindo-se ao nível do desempenho escolar e, no limite, provocar depressão e até mesmo suicídio.

O cyberbullying pode acontecer de várias formas. Eis alguns exemplos:

  • Enviar emails, textos ou mensagens instantâneas.

  • Enviar mensagens neutras a alguém até ao ponto de assédio.

  • Publicar conteúdos prejudiciais sobre alguém nas redes sociais.

  • Espalhar online rumores ou falsidades sobre alguém.

  • Denegrir a imagem de alguém através de conversas online, acessíveis a várias pessoas.

  • Atacar ou matar um personagem de um jogo online, constantemente e de propósito.

  • Fingir ser outra pessoa através de um perfil online falso.

  • Ameaçar ou intimidar alguém online ou através de mensagens de texto.

  • Tirar uma foto ou vídeo embaraçoso e compartilhá-lo sem permissão.

É importante saber que nem todos os conflitos online entre crianças são cyberbullying. Às vezes, as crianças entram em discussões acesas nas redes sociais. A maior parte são conversas inofensivas, apenas de brincadeira, mas podem ser confundidas. Provocação e bullying são coisas diferentes.

Há maneiras de determinar se um comportamento configura um crime de bullying.  Se uma criança envia mensagens prejudiciais de propósito e de forma regular, então poderá ser considerado um ataque cibernético. 

 

Cyberbullying e crianças com problemas de aprendizagem e atenção:

Todas as crianças podem ser cibercriminadas. No entanto, crianças com problemas de aprendizagem e atenção enfrentam riscos especiais. Significa que são mais propensos a ser cibercéticos do que os seus pares.

Por exemplo, crianças que recebem apoios escolares ou estatais podem ser um alvo mais fácil, simplesmente, porque podem ser olhados de maneira diferente, quer em termos sociais como academicos.

As mensagens online podem ser complicadas para crianças com problemas de aprendizagem e atenção. A maioria das comunicações através da internet depende do texto, o que constitui uma dificuldade acrescida para alguém, por exemplo, que se debate com problemas de leitura e escrita.

Crianças com fracas aptidões sociais podem interpretar mal os e-mails ou os textos. Podem não entender o contexto de uma publicação nas redes sociais. Crianças com problemas de impulsividade ou PHDA podem reagir mal a uma mensagem.

Note que há também casos reportados de crianças com problemas de aprendizagem e atenção que, em vez de vítimas, assumem, também, o papel de vilão.

 

Como prevenir o ciberbullying?

 A melhor maneira de prevenir o ciberbullying é preparar a criança para saber interagir no mundo online. Negoceie regras de utilização da internet. Se não deixamos os nossos filhos andar sozinhos na rua, que sentido faz se os deixarmos em casa com a porta da internet escancarada, sem nenhuma proteção?  Eis algumas estratégias que podem ajudar: 

  • Fale com a criança sobre o que é o ciberbullying.

  • Discuta com ela o que fazer se ela alguma vez for vítima.

  • Pratique as habilidades sociais do mundo real com a criança, verá que estará a ajudá-la online.

  • Mantenha linhas de comunicação abertas com a criança.

  • Ensine o respeito e a empatia pelos outros nas redes sociais.

  • Compreenda quais dispositivos, aplicativos e tecnologia que costuma usar, guardando, por exemplo, as passwords de acesso às redes sociais.

  • Mantenha a tecnologia fora do quarto da criança, onde, poderá ser usada sem supervisão.

  • Use um contrato de telemóvel para ajudar a gerir o uso de tecnologia por parte da criança.

  • Mude o número de telemóvel, email, passwords, sempre que suspeitar que a criança é vítima destas situações.

  • Não partilhar informação pessoal, número de telemóvel, fotos, escola e/ou locais que frequenta.

  • Nas redes sociais, adicionar só as pessoas que conhece, ao vivo e a cores, e manter o perfil restrito.

Artigo publicado pelo Sei – Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem.

 

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