O que faz um Psicólogo Clínico?

É comum ouvirmos as pessoas dizerem que temem ir ao psicólogo clínico por medo do julgamento dos outros acerca da sua saúde mental. Mas, a psicologia clínica não se restringe apenas ao tratamento das doenças mentais. Podemos procurar um psicólogo clínico porque nos queremos compreender melhor, entender o sentido dos nossos conflitos, dos nossos sintomas emocionais. Dos nossos desejos e das nossas escolhas.  Até mesmo em pequenas ou grandes mudanças da nossa vida, podemos e devemos procurar um psicólogo clínico para nos ajudar a adaptar a uma nova fase. Para que possamos prosseguir emocionalmente estáveis.

 

O que é a psicologia clínica?

A psicologia clínica engloba a avaliação psicológica, o aconselhamento, a orientação vocacional e a psicoterapia. Que pode ser ou não breve, isso dependerá de cada caso. É comum a psicoterapia com crianças ser breve por estarem em constante mudança e precisarem apenas de um apoio para ultrapassar determinado acontecimento das suas vidas, facilitando assim o desenvolvimento psíquico de forma harmoniosa. Noutros casos em que existe um diagnóstico de uma perturbação grave, o acompanhamento poderá ser mais prolongado. Pode atuar em diversos contextos - clínicos, educacionais e organizacionais, com crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias, ou ainda com grupos; e no também sentido da promoção da saúde, na prevenção de desvios comportamentais no caso das crianças e adolescentes.

É preciso, contudo, lembrar que os psicólogos clínicos, não prescrevem medicação. E quando ponderam, juntamente com o cliente, a eventual necessidade desta, ou quando consideram importante uma avaliação da saúde física ou uma avaliação psiquiátrica, encaminham esse cliente para um médico e desenvolvem um trabalho em parceria.

Uma das ferramentas mais importantes do psicólogo no âmbito clínico é a escuta.  Pois é através dela que buscamos compreender, sem julgamentos e com confidencialidade, os desejos, problemas e queixas emocionais trazidos pelo cliente. E a partir de cada história de vida, desenvolvemos um plano terapêutico específico.

 

O Psicólogo Clínico e a Entrevista Clínica

Tudo começa com a entrevista clínica. E aqui podemos diferenciar a entrevista clínica com crianças e adolescentes e a entrevista clínica com adultos. Na primeira, crianças e adolescentes não vêm sozinhos, trazem consigo uma mãe, um pai, ou ambos, trazem uma dinâmica familiar. Por isto, na entrevista clínica com estas faixas etárias, recebem-se os pais, a família com quem vive, preferencialmente antes do contacto com a criança.

O objetivo da primeira entrevista clínica é conhecer a realidade do outro e o seu interior em sofrimento. Numa primeira abordagem com os pais, estes são estimulados a falar de tudo o que lhes diz respeito podendo chegar mesmo à infância e às relações profissionais. Tudo é importante!

Podemos utilizar ao longo de todo o processo para além da entrevista clínica, instrumentos de avaliação psicológica tanto da personalidade, como das funções cognitivas. Todas essas escolhas dependerão das áreas de especialidade de cada psicólogo. Cada uma dessas áreas tem suas próprias técnicas.

 A Mudança

Porém, vale frisar que não há técnicas melhores nem piores. Pois o que mais promove a mudança terapêutica é a vontade do cliente de melhorar, de se compreender, a qualidade do vínculo terapêutico e a capacidade de empatia do terapeuta. Pois sem esta não é possível escutar e acolher verdadeiramente o outro que se entrega através de um pedido por vezes desesperado de ajuda.

Cada idade, cada problemática é singular e por isso existem técnicas de intervenção, avaliação e terapia diferentes e cada uma se adequa a situações diferentes. Cabe ao terapeuta optar pela técnica mais adequada, apresentá-la ao cliente e criar um “contrato terapêutico”, em que ambos se responsabilizam a colaborar neste percurso de desenvolvimento pessoal e diminuição de sintomas, como por exemplo nos casos de depressão, ansiedade, comportamentos disruptivos. No caso das crianças, o plano terapêutico é apresentado aos pais que se responsabilizam pelo cumprimento do mesmo.

 

A área de intervenção de um Psicólogo Clínico

A intervenção da psicologia é vasta. Da primeira infância à velhice, existem profissionais que se especializam em problemáticas relacionadas com as várias faixas etárias. Em situações de catástrofe também são uma ajuda fundamental. Em situações de risco, de doença crónica, problemas escolares, comportamentais, relacionais e familiares a intervenção do psicólogo é fundamental. Até mesmo em tribunais (situações de divórcio, criminalidade) é importante ouvir um psicólogo ou até mesmo pedir a intervenção junto da criança no caso do divórcio ou da pessoa que cometeu crime para melhor clarificar a posição destes porque se tratam de seres humanos dotados de afetos, carências e diversas problemáticas.

 

 Artigo escrito e publicado pelo Sei – Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem

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