SALAS DE AULA INCLUSIVAS: UMA CARTILHA PARA PROFESSORES
Uma sala de aula inclusiva é um espaço de educação geral onde os alunos com e sem diferenças de aprendizagem aprendem em conjunto; por norma, são acolhedoras e vão ao encontro das diversas necessidades académicas, sociais, emocionais, e de comunicação de todos os estudantes. Pretende-se que, através de práticas de diferenciação pedagógica, cada criança se sinta tão acolhida e incluída como aluno, quanto valorizada enquanto colega.
A ideia não é colocar todos os alunos no mesmo espaço físico ou digital a executar as mesmas tarefas escolares, de igual forma. Não!
O grande objetivo que se pretende alcançar passa, apenas, por permitir que todas as crianças, apesar das suas diversidades específicas, atinjam as mesmas metas curriculares, e do desenvolvimento, ainda que o caminho (método) para lá chegar possa ser diferente.
O primeiro passo é identificar e compreender as necessidades especiais de cada um através de uma política de comunicação e interação regulares com o próprio aluno e respetiva família. Uma educação inclusiva eficaz pressupõe que os professores olhem para as competências dos estudantes, mais do que para as suas limitações. Felizmente, são cada vez menos as escolas e docentes que justificam a ausência de salas de aula inclusivas com a falta de tempo e conhecimento para colocar em prática as metodologias de ensino que correspondam ao verdadeiro apoio de que cada aluno precisa.
A sala de aula inclusiva deve ser uma prioridade de todas as instituições de ensino que se preocupam com o bem-estar de cada um dos seus alunos. E através de uma pedagogia inclusiva e das ferramentas/recursos adequados é possível preparar o sucesso de todos, respeitando, naturalmente, os ritmos de aprendizagem de cada um. Incluir é integrar, abraçar todos, sem exceção. Nesse sentido, compete à escola gerir a heterogeneidade e promover a igualdade de oportunidades de sucesso das crianças.
A diversidade contribui para um mundo melhor e essa é a premissa para uma educação mais inclusiva na sala de aula. Essa inclusão reforça a capacidade de trabalhar em conjunto, a compreensão e a valorização de diferentes pontos de vista, permitindo aos estudantes pensarem criticamente e de serem bem-sucedidos. Saber lidar com o outro, com a sua diversidade, contribui para formar jovens e adultos mais bem resolvidos e, provavelmente, mais empáticos e com uma visão do mundo diferenciada.
Sempre que essa inclusão é bem feita, todos os alunos beneficiam.
E os próprios professores também na medida em que lhes proporciona a oportunidade de trabalhar em conjunto com outros profissionais, partilhando novas estratégias de ensino e uma maior monotorização dos progressos dos alunos. Essa colaboração entre docentes titulares das turmas e os profissionais da educação especial reveste-se da maior importância para o bom desenvolvimento da criança e permite alcançar níveis de eficiência e de competência maiores do que aqueles que são alcançados nas salas de aula tradicionais.
Regra geral, os professores de turmas inclusivas consideram que a sua vida profissional e pessoal melhora com esta articulação permanente e torna o ensino mais estimulante tendo em conta que é influenciado pela experiência de várias metodologias. Uma sala de aula inclusiva cuida das necessidades de todos os estudantes. Não privilegia uns em detrimento de outros. E, mesmo aqueles cujas dificuldades de aprendizagem são significativas, devem ser incluídos nos métodos gerais de educação, com o devido suporte diferenciado, sempre que o mesmo se justifique.
A adequação e a flexibilidade curricular escolar são fundamentais para a inclusão integral de todos os alunos. O foco deve estar sempre nas necessidades individuais de cada um, de forma que todos cheguem à linha da meta com o desejado aproveitamento escolar e pessoal.
Os alunos com situações especificas de aprendizagem aprendem melhor num ambiente estruturado e organizado; tendem a sentir-se mais envolvidos e sociáveis em salas de aula inclusivas; não se sentem rotulados; têm mais força para evoluir na medida em que são tratados por igual; e desafiados diariamente a desenvolver os seus pontos mais fortes.
9 Vantagens das Escolas Inclusivas
A criança com necessidades específicas é integrada numa sala de aula de ensino corrente durante a maior parte do período escolar;
As secretárias de todos os alunos são colocadas próximas umas das outras;
A criança com necessidades específicas está inserida nas atividades escolares diárias com a devida adaptação - caso seja necessária- conforme as suas necessidades especiais de apoio;
A criança é integrada normalmente em todas as atividades escolares, sejam as viagens de estudo, as reuniões e assembleias de alunos e as aulas de apoio na companhia de vários colegas;
A criança é um aluno independente, valorizado e respeitado dentro e fora da sala de aula;
A criança é estimulada pelos professores e colegas a participar em todos os trabalhos e atividades escolares de forma mais independente possível, nunca faltando ao apoio especial sempre e quando for necessário;
A criança recebe apoio especializado, por exemplo relacionado com terapia da fala e sempre com o mínimo de perturbação das rotinas na sala de aula, através de conteúdos teórico-práticos elaborados por especialistas;
Os pontos fortes da criança e as áreas do desenvolvimento a melhorar são identificados também pelos professores e não apenas por especialistas;
A criança conhece bem os colegas de turma com quem se socializa diariamente através de várias experiências comuns na sala de aula e não se vê envolvida numa redoma que só contribui para a sua discriminação.
