Estratégias e Atividades para crianças com discalculia - Guia para pais e professores

A par da intervenção de técnicos especializados, pais e professores têm um papel fundamental no desenvolvimento de estratégias para o quotidiano familiar e escolar da criança. Estas estratégias são complementares à terapia implementada pelo técnico, permitindo à criança explorar novas formas de desenvolver as suas capacidades, tanto em contexto de grupo, na escola, como num ambiente mais familiar e individualizado, em casa.

Recomendações para a Sala de Aula

  • No início da aula, recordar à criança os conhecimentos adquiridos na aula anterior;

  •  Proporcionar à criança experiências concretas com números, tais como agrupar objetos para formar números (por ex. 4 borrachas, 5 colheres, 6 elásticos);

  • Usar situações concretas como exemplos nos problemas matemáticos;

  • Conversar com a criança sobre a matemática, estimulando-a desse modo a falar, escrever e compreender o vocabulário matemático;

  • Usar uma linha de números para ajudar a criança a compreender a diferença entre números maiores e menores: ditar à criança diferentes números e pedir-lhe que explique a relação entre estes e os números que constam na linha (por ex: o número 8 é maior que o número 6 mas menor que o número 15);

  • Explicar um problema de matemática como se fosse uma história;

  • Pedir à criança que desenhe o problema de matemática;

  • Dar mais tempo à criança para terminar as tarefas escolares;

  • Elaborar perguntas claras e diretas nos testes de avaliação;

  • Na resolução de problemas, contabilizar não só o resultado final, mas também o raciocínio efetuado pela criança;

  • Permitir o uso da calculadora;

  • Permitir a consulta da tabuada.

Recomendações para Pais

  • Estimular a criança a contar pelos dedos, incentivando-a a começar pela mão esquerda e depois pela direita, tal como a leitura se faz da esquerda para a direita;

  • Promover o uso e a manipulação de materiais/objetos concretos que facilitem à criança compreender como um determinado conjunto de objetos pode ser convertido (ou traduzido) num determinado número (por ex. 5 berlindes = número 5);

  • Aproveitar as idas ao supermercado para estimular o raciocínio matemático da criança: por ex. qual o brinquedo mais barato? quantos pacotes de leite levamos? quanto custa uma dúzia de ovos? qual é o troco? etc.;

  • Transmitir à criança a importância da matemática no dia-a-dia: por ex., identificar os canais de televisão, saber a que horas começa o programa que quer ver, quantos golos foram marcados num jogo de futebol, quantos níveis faltam para acabar o jogo de computador, seguir os vários passos de uma receita culinária, etc.

Atividades Lúdico-Pedagógicas para Pais e Professores

Terapeutas desenvolvem muitas vezes atividades ou jogos lúdicos que ajudam as crianças a superar as suas dificuldades específicas. Mas há atividades mais simples que, os pais e os professores podem desenvolver com as crianças.

Alguns exemplos:

Contagens: pedir à criança para contar diversos objetos do dia-a-dia (por ex. quantas cadeiras estão na sala? quantos peluches estão no quarto? quantas moedas tem o porta-moedas? quantos pratos se sujaram ao jantar?), permitindo à criança treinar o sentido do número.

Medir o corpo: pedir à criança para medir várias partes do seu corpo (pé, cintura, polegar, etc.) e fazer comparações com as medidas dos colegas, pais, etc. Permite à criança treinar a capacidade de fazer comparações quantitativas.

Colunas de cores: pintar as unidades de uma cor (por ex. cor verde) e as dezenas de outra (por ex. cor roxa). Colocar uma seta verde a apontar para a coluna das unidades, indicando à criança que deve começar a resolver a conta matemática pelas unidades. À medida que a criança for bem-sucedida, repetir a experiência, pintando apenas a coluna das unidades (verde), e assim sucessivamente até ser possível omitir ambas as cores. Permite à criança interiorizar os mecanismos e as regras do cálculo matemático.

Usar duas réguas para somar e subtrair: somar ou subtrair dois números, por ex. 3+4, localizar o número 3 na primeira régua (abaixo), colocar o lado esquerdo da segunda régua (acima) diretamente em cima do 3, e pedir à criança que identifique o número 4 na segunda régua. O número que estiver diretamente abaixo do 4 na primeira régua corresponde ao resultado da soma 3+4, neste caso, o número 7. Permite à criança treinar as operações de somar e subtrair, recorrendo a objetos concretos, neste caso as duas réguas.
Desenhar o problema: pedir à criança para contar a história do problema de matemática em forma de banda desenhada. Permite à criança traduzir a linguagem abstrata inerente ao problema matemático em linguagem concreta, tornando-a assim, mais compreensível.

Jogo do Dominó: a criança deverá ordenar as peças de acordo com o número de pontos presentes nas extremidades, utilizando as regras do dominó, mas com variantes que permitam à criança estimular a sua habilidade comparar e agrupar quantidades. Por exemplo, o total de pontos nas extremidades das peças tem de ser par, ou múltiplo de 5.

Jogo das Cobras: escreve-se uma sequência numérica numa folha de papel, por exemplo de 2 a 12. Quando for a sua vez de jogar, a criança deve lançar dois dados e somar os pontos obtidos, marcando o número sorteado com uma cruz. No entanto, se o resultado da soma dos pontos for 7, o jogador desenha uma cobra no seu papel. O jogador que primeiro conseguir marcar todos os números da sequência inicial com o menor número de cobras é o vencedor. Quem obtiver 7 cobras é eliminado. Este jogo permite à criança automatizar operações de soma simples, e agiliza a sua capacidade de efetuar comparações de maior/menor.

Ordenação numérica: entregar à criança alguns objetos de diferentes comprimentos e pedir que os disponha ordenadamente, do mais curto ao mais longo. Permite à criança estimular a sua agilidade em comparar e ordenar números. 

Para encontrar a atividade mais apropriada a cada criança, é aconselhável consultar um técnico especializado (psicopedagogo ou psicólogo educacional) que poderá ensinar-lhe estes e outros jogos lúdicos úteis para trabalhar quotidianamente as dificuldades da criança com discalculia.

 Artigo escrito e publicado pelo Sei – Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem

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