Como criar um aluno confiante?

Ninguém nasce ensinado. E a confiança pode e deve ser trabalhada desde cedo. Quem não fica satisfeito por ver o seu filho confiante e resiliente? Sem confiança, tendemos a resistir a experimentar coisas novas com medo de falharmos e de sermos julgados pelos nossos erros. Compete, pois, a nós, pais e professores, educar as crianças para se tornarem confiantes e autónomas.  O primeiro passo é incentivar, sem demasiada pressão, a novas experiências, desde que saudáveis, didáticas e adequadas a cada idade.  Encoraje a curiosidade da criança. Porque não iniciar, por exemplo, uma atividade de grupo extracurricular, como o basquete, que permita estimular a componente física e, em simultâneo, a social? Ou um curso de ballet? Estas e outras atividades podem ser importantes para desenvolver a confiança dos mais novos. 

 

Muitas vezes as conversas em torno da confiança estão relacionadas com o novo ano escolar e as amizades que aí se desenvolvem: o primeiro dia de aulas; as pessoas perto das quais nos sentamos na sala e na hora de almoço; com quem conversamos na hora de recreio, etc. Em todo o processo de aprendizagem, é essencial que exista confiança, só com ela adquirimos a força suficiente para aceitarmos, sem desconforto, a ideia de experimentar novas atividades pela primeira vez. A confiança permitir-nos-á a superar o medo do fracasso e o risco de desiludir os que mais gostamos. 

Devemos sempre valorizar o esforço desenvolvido, ainda que o resultado final não seja propriamente aquele que mais se deseja, permitindo assim à criança superar o medo de um eventual falhanço. Por exemplo, se no jogo de basquete a criança não conseguir marcar nenhum ponto, mas tiver contribuído em termos coletivos para um bom jogo da equipa, esse esforço pode e deve ser apreciado e reconhecido. Se o fizer estará a contribuir para que a criança ouse alcançar novos desafios que anteriormente se julgou incapaz com medo de falhar. O importante é valorizar a ação em si e não o resultado final. Faça ver à criança que pode começar por atingir metas mais acessíveis antes de alcançar o objetivo final que realmente pretende. 

A aprendizagem prática ajuda a construir a confiança dos estudantes, na medida em que estes alunos, através do conhecimento empírico, tendem a lembrar-se mais facilmente dos temas que estudaram por mais tempo.  A aprendizagem é, sem dúvida, um processo continuo que não termina quando soa o toque do final das aulas. Não. Em casa, há um papel importantíssimo a desempenhar por parte dos pais, no sentido de cultivar e consolidar essa mesma aprendizagem que foi ministrada na escola. 

 

Eis algumas dicas para estimular a confiança das crianças:

  1. Envolva-se - Não tenha medo de partilhar novas experiências com a criança. Salte, corra, jogue. Encontre o que funciona melhor para si e para a sua família, mas nunca deixe de estar presente na educação da criança. Os pais desempenham um papel absolutamente vital no apoio à aprendizagem dentro e fora da sala de aula. Pergunte como correu o dia de escola. Coloque à criança perguntas abertas para lhe dar espaço para responder o que quiser, desenvolvendo o tema. Converse sobre as matérias que foram lecionadas, as dúvidas e as certezas. Mantenha sempre aberta uma ponte de diálogo permanente com a escola e os professores.  

  2.  Repense o que significa o fracasso - lembre-se, o fracasso é um processo, não um ponto final. Os alunos precisam de aprender a falhar para se tornarem mais confiantes e bem-sucedidos na escola. O erro é sempre positivo, desde que provoque uma reflexão e a consequente aprendizagem para que o mesmo não se repita. Se a criança errou, não a condene, os erros são elementos fundamentais no processo de aprendizagem.  Primeiro, escute-a. Tente perceber o que aprendeu com esse erro e de seguida encoraje-a a tentar novamente, de forma a conseguir pelos seus próprios meios ultrapassar com sucesso esse obstáculo. Aprender com os erros ajuda a construir a confiança. Se considerar conveniente, dê-lhe um exemplo de uma experiência sua inicialmente fracassada e depois vencida com sucesso com recurso à confiança que conquistou. Recorra também, se necessário, a exemplos de superação de outras pessoas, nomeadamente aquelas que a criança mais admira.

  3. Reconheça o esforço, não apenas o sucesso - A oferta de um presente, ou de uma recompensa há muito desejada, como prémio por uma avaliação elevada no teste de matemática, por si só, não é o melhor caminho para se atingir o objetivo que se pretende. Em vez de, por exemplo, destacar a nota do teste de matemática no frigorífico lá de casa, porque não manter uma conversa com a criança sobre o esforço que ela desenvolveu, o quanto estudou e se empenhou para obter aquele excelente resultado? Ao fazê-lo estará a reconhecer o esforço e não somente o sucesso que se alcançou. Esta estratégia é uma preciosa ferramenta para demonstrar à criança o quão importante é o esforço, o trabalho, a dedicação a uma determinada missão que nos propomos atingir. Não deixe, todavia, de comemorar cada conquista. Seja sempre assertivo, mas procure não criticar um eventual mau desempenho, ao fazê-lo estará a desencorajar a criança a assumir novos desafios. E, claro, é igualmente importante que evite dizer que está preocupado com ela - essa preocupação, por vezes, pode ser interpretada como um voto de desconfiança.

  4. Ofereça-lhe tempo livre - Dispor de tempo livre para explorar é algo fundamental no desenvolvimento de uma criança. Representa dar-lhe oportunidade para desenvolver a sua natural curiosidade em relação ao desconhecido e, em simultâneo, a própria criatividade. Entre um calendário diário repleto de tantas atividades curriculares e outras obrigações, é essencial proporcionar às crianças um espaço e um período diários para explorarem as suas curiosidades, através de brincadeiras adequadas a cada idade. Encoraje a criança a brincar da forma que quiser, sempre que possível com recurso ao mundo real, ao ar livre, longe das consolas, dos telemóveis e tablets. Deixe-se a sua imaginação voar. E prepara-se para responder a perguntas constantes. É saudável que isso aconteça. 

  5. Permita que a criança seja o seu próprio herói - Deixe que lide com os seus problemas sozinho. Não seja demasiado protetor. A ajuda dos pais pode evitar o desenvolvimento da confiança. É normal que, perante uma barreira que parece ser grande demais para as capacidades da criança, os pais e professores saiam em sua defesa. Quem nunca o fez? A simples intenção de a proteger e ajudar leva-nos, várias vezes, a sermos nós próprios a resolver um determinado problema com o qual a criança se confronta e que se diz incapaz de o resolver por si mesma. Não caia nesse erro.  Antes de o fazer deixe-a tentar primeiro. Permita-lhe a liberdade de experimentar sem ajudas, através dos seus próprios meios, como resolver a situação. Se o fizer, não se esqueça, estará a estimular o desenvolvimento das capacidades da criança, como o pensamento criativo e a comunicação eficaz, para além de novas competências académicas. Ensine a criança a não ter medo de falhar.

  6. Deixe-a fazer de professor - Incentivar a prática ajuda a construir a competência. Se a criança está entusiasmada com algo que aprendeu recentemente na escola, aproveite essa alegria e desafie-a a falar sobre o tema, ajudando os colegas que eventualmente ainda não adquiriram esses conhecimentos. Ao fazê-lo estará a consolidar a aprendizagem, a reforçar as competências e ao mesmo tempo a transmitir-lhe confiança. 

 Artigo escrito e publicado pelo Sei – Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem

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